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IMPROVISANDO COM O EDUARDO

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O disco dos Stones que não é dos Stones.


Há 45 anos atrás, um disco inusitado foi lançado pela Rolling Stones Records, o álbum em questão é o “JAMMING WITH EDWARD” que alcançou a 33a posição na lista da Billboard.

Mas o que o disco tem de inusitado?

É um disco dos Rolling Stones sem ser exatamente um disco dos Rolling Stones.


Em 1969, especificamente no dia 23 de abril de 1969, durante as gravações do álbum “Let It Bleed”, um dos grandes sucessos da banda, Keith Richards sumiu. Alguns dizem que sua mulher o chamou e ele saiu correndo, outros dizem que ele brigou com o produtor Glyn Johns que tinha levado o guitarrista Ry Cooder (aquele mesmo de “Buena Vista Social Club”) para preencher o som da banda. Há a enorme possibilidade dele simplesmente não aparecido na hora e o resto do pessoal ficou sem ter o que fazer.

 

 

 

 

Ry Cooder

 

De qualquer forma, enquanto o tempo passava, o baterista Charlie Watts e o baixista Bill Wyman, junto com o novato Ry Cooder começaram a brincar com o (excelente!) pianista Nicky Hopkins. E o produtor teve a ideia de começar a gravar. Mick Jagger se animou, tocou gaita e cantou.

Nicky Hopkins

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma primeira audição causa estranhamento. A faixa de abertura “The Boudoir Stomp” começa meio confusa, com os músicos ainda se aquecendo. A jam progressivamente evolui para um blues clássico, “It Hurts Me Too” – a única faixa no álbum não creditada ao trio Cooder, Hopkins e Watts.

A jam prossegue e, no início do segundo lado, há uma faixa extraordinária de 11 minutos de improvisação chamada “Blow with Ry”. Onze minutos parece muito? Não quando se está ouvindo um som que foi composto e executado na hora por músicos incríveis.

Uma nota a mais – a capa com um humor negro tendendo ao absurdo foi desenhada por Nicky Hopkins sobre uma folha de partitura.

E o título? Diz Hopkins que há um trecho no início da gravação, cortado posteriormente, em que Brian Jones, o falecido fundador dos Stones pede para ele tocar um Mi (a letra E, em notação musical). Hopkins diz que não entendeu e Brian repete “E, como em Edward”. Daí, a jam com o Eduardo.

Este não é um disco de estúdio propriamente dito. É claramente a gravação de uma jam, com algumas edições e mixagens, é verdade. Mas guarda um momento clássico da carreira de grandes músicos, mostrando de forma despretensiosa e charmosa o que eles são capazes de fazer por diversão.

Ouvir o disco é apreender o frescor da pura diversão de fazer música.

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